Um estilo Brasileiro
Depois de documentar, com seus desenhos, os tipos físicos, os trajes, as danças, os utensílios etc, de cada região que visitou, convencionou-se da necessidade de se criar um estilo brasileiro na pintura. " Estava cansado de todos os ismos e estilos importados que nada tinham a ver com nosso tropicalismo e com a nossa maneira de ser".
Seu objetivo era mostrar na pintura "um ponto de vista estético de nosso povo".
"Porque até na postura, na maneira de andar, o brasileiro tem uma personalidade muito caractirística".
Lanzellotti explica melhor seu propósito:
Eu não iria propriamente criar um estilo, mas desenvolvê-lo, a partir de manifestações populares. Fazer dessas manifestações arte de erudição, como fez Villa Lobos nas Bachianas.
A proposta, entretanto, não vingou. E Lanzellotti cita, entre os motivos que contribuiram para seu fracasso, a "adversidade do meio" e a "incompreensão dos marchands e donos de galerias".
Com seu trabalho de documentação - cerca de 450 desenhos, ele obteve, pelo menos, reconhecimento. Afonso Schmidt considerou-o um "autêntico Debret". Mas isso não bastou para que ele conseguisse ter seu trabalho divulgado.
- Tentei bastante. passei muitas horas em ante-salas e corredores de secretarias, e ouvi sempre a mesma coisa: não há verba.
Enfim, uma comissão de professores constituida por iniciativa do Governo do Estado, da qual faziam parte Alceu Maynard Araújo e Rossini Tavares de Lima, entre outros, examinou seu trabalho. E considerou-o sério, útil e de alto nível.
Por isso, uma parte dos desenhos - a metade deles - foi adquirida pelo conselho Estadual da Cultura.As pranchas restantes só sairam das gavetas recentemente, para se transformarem nos facículos "Brasil, Costumes e Lendas". Esgotada a primeira edição, de 80 mil exemplares, já foi lançada a segunda e, futuramente, poderá haver outras.
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